E de susto me peguei pensando no que não penso há muito tempo. Um lapso, deslize inconsciente. O meu corpo se derreteu no seu em segundos. Tão compassado, tão igual. A respiração de dois foi uma. Um ritmo perfeito, um batimento pra dois, um batimento nos dois. Repentinos suspiros, latentes, olhares ternos, do tipo ‘é você’. Eu com a minha dissimulação própria. Você com a sua benevolência meiga. Segundos contabilizados, porque o poeta já disse que ‘o tempo não pára’. Detalhes que só fazem a diferença pra quem é diferente. Milímetros de uma distância que a gente tenta anular. Silêncio pra ouvir o barulho das mãos. E as suas mãos entendem as minhas. As suas mãos me entendem, por completo. As suas mãos entendem o arrepio do meu corpo. E o meu corpo entende o arrepio do seu. Não me lembro da inconstância – aquela que só eu tenho – quando deito no teu abraço, quando me vejo nos seus olhos, quando finjo que sei fazer o mundo parar de girar.
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