quarta-feira, 11 de março de 2009

dia D

De surtos já me bastam os meus. Caros amigos, andei pensando no fato de ser sempre aquela pessoa educada e gentil e psicóloga e paciente. É ótimo. Creio que nasci pra dar opiniões, sugestões e conselhos. Mas venho, encarecidamente, pedir que me dêem um dia de paz e tranquilidade. Não é uma reclamação, mas um pedido informal de 'pare'. Por um dia. Mesmo porque, vocês sabem, eu gosto mesmo é de ouvir e dar pitaco. É um motivo incomum, mas nem um pouco extraordinário. Amanhã sopro minhas vinte e uma velinhas (para o bem, ou para o mal, apenas metaforicamente, creio eu), e há vinte e um anos esse décimo segundo dia do terceiro mês sempre me deixa extremamente infeliz. É isso. Essa coisa toda de ficar mais velha... nem é o caso. Mas todo ano vem aquele aperto estranho no peito, uma coisa meio inexplicável, um choro besta e umas lamentações sem causa (aparente). Qual é a causa da tristeza? Qual a justificativa pra dor? Li que Santo Agostinho (que aliás, era um cara fóda) disse que "sofremos dor com a perda dos bens temporais". Leia-se: o ser humano é tão medíocre, tão burro, tão ordinário, a ponto de se achar no direito de ficar triste com a perda de algum insignificante bem mundano (ele realmente sabe cutucar a ferida). O cara ainda teve a manha de afirmar claramente que "o amor é causa da tristeza bem como dos outros afetos da alma." Qual é?! Desafetos... alma lá tem afeto? Mas vá lá... "Logo, a dor ou tristeza, recai antes sobre o bem perdido, que sobre o mal anexo." Entendi que Santo Agostinho me disse: _ Ei, você... do casaquinho camuflado! O problema é que a sua existência gira em torno de coisas terrenas, a sua vida não tem valor, os seus dias são improdutivos e as suas ações, patéticas. A cada décimo segundo dia do terceiro mês de cada ano, você perde um dia de vida. Não me olhe com essa cara, é pura lógica. E se a sua vida é tão capenga como eu afirmo que é, e ela é, você perde uma porção de bens mundanos, temporais, sem sentido e inúteis a cada ano. Você sofre, e o seu coração dói. É por isso. (Daí ele vira as costas e me deixa sofrendo no canto do banheiro sujo com um cigarro entre os dentes). Esse foi o tio 'Tinho. A MINHA interpretação da minha própria tristeza (ainda que levando em consideração a segunda parte do que eu disse que ele disse) é que eu amo demais. Amo perdidamente, inconsequentemente, momentâneamente, aparentemente, sensivelmente, eroticamente, instantâneamente... eu amo. E eu sofro. E se eu sofro e me entristeço ainda mais no décimo segundo dia do terceiro mês de cada ano, é porque sempre estou amando mais nessa época... Decidi que prefiro pensar que é isso, porque se não for isso, vai ser alguma coisa pior, e pior do que é... Deus me acuda. E acuda os meus pobres amigos que contam comigo diariamente.

Que nome se dá a uma pessoa que consegue resolver os problemas alheios de forma magnífica mas nunca consegue entender o que se passa na sua própria vida?
Sortuda?

Um comentário:

  1. nadaa!
    o fato é que quando os problemas não são com você eles sempre parecem ser mais fáceis de serem resolvidos, mas é tudo aparência...
    eles continuam complicados e demasiadamente confusos.

    o aperto no coração eu também sinto a cada terceiro dia do quarto mês, mas acho que a palavra que mais define o que sinto é frustração. putz! vinte e um anos se passaram e o que você fez? [tipo aquelas musiquinhas melancólicas de natal... 'o ano termina e nasce outra vez' rs] consideramos tão irrelevantes as nossas experiências e os nossos dias que parece que nada aconteceu... mas quantas coisas mudaram em simples 3 anos hein?!

    [momento reflexão mode on]

    pois então...
    acho que o aperto no coração uma vez por ano é válido, desde que não se torne rotina.

    e a propósito...
    parabéns srtª emanOelE.
    =D

    bjonabunda!

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