Há histórias que se completam, ou se nutrem, umas das outras. Há histórias que seguem como um círculo perfeito. Há histórias sem começo, alimentadas apenas pelo momento presente, pelo agora, cujo final é desconhecido. Se, para o bem ou para o mal, a sua história não teve um início, e você não reclama ou se importa com final, saiba como guiar a sua vida, à sua maneira, da forma mais simples: aproveite o momento presente.
Com o tempo, ou durante os dias que você pára e percebe que viveu, ou deixou de viver, é possível aprender ou, simplesmente entender, que ter um amor, ter paz, ou ser feliz, não é o bastante para dizer que a sua vida é completa.
Você ama mais de uma vez, sofre mais de uma vez, a paz não é inerente à vida, e a felicidade é um estado temporário. A própria vida é um estado temporário. Eu acredito nisso, muito. Nunca haverá outro lugar como este em que se vive, e uma vida vivida como esta. Ou qualquer outra chance de fazer o que você não fez. O final não é recomeço, é onde termina. E ponto. Sobre a vida é assim. E sobre tudo o que se há de fazer.
Tudo o acontece durante o tempo em que nos é permitido viver constrói as nossas lembranças, as nossas vontades, a coragem de ser quem devemos ser. Tudo o que acontece durante o tempo em que nos é permitido viver constrói a forma como vamos chegar ao final. Se livres, ou se arrependidos da vida que soubemos ter.
Sempre que eu fecho os olhos, e penso em mais um dia que terminou, me imagino num barco em mar aberto, em meio a uma grande tempestade. E eu não sei guiá-lo. não sei para onde ir. Não sei o que fazer para continuar viva, sair da tempestade, voltar para casa.
Sempre que eu abro os olhos, e penso em mais um dia que começa, me imagino deitada à beira da praia, ferida, cansada, mas feliz por ter conseguido me livrar da tempestade em que estava.
Você escreve a sua história, guia o seu barco, a sua vida é um círculo perfeito.
Eu entro no meu barco todos os dias, sem saber guiá-lo. E todos os dias me meto em uma grande tempestade. E todos os dias acordo na praia, viva, sem saber como. E a cada dia, quando subo no barco novamente, subo por teimosia, por esperança, que seja. Sei que vou direto para a tempestade, mas nunca tenho certeza se o final será a praia. Ferida, que seja, mas viva. E sem saber, eu vou novamente. Vou de barco. Com medo, mas eu vou. Nem todas as histórias formam um círculo perfeito. Nem todas as pessoas acordam na praia, cansadas, feridas, depois de passar a noite em meio à tempestade. Nem todas as pessoas acordam.
Contudo, demasiada saudade de todos.
ResponderExcluirE assim era, sendo o que tinha de ser,
Distante, ausente, quase transparente.
A não ser pelos cabelos brancos,
que insistiam em brilhar ao sol,
mesmo sem estar exposto a ele.
As paredes já não ouviam mais,
e as janelas em madeira,
perderam o velho hábito de cantar.
Ah, esse relógio que teima sempre em andar,
esquecendo do segredo
que existe uma hora de saber parar.
Michel Becheleni
Perfeito!!
ResponderExcluirDisse o que muitas pessoas precisam ouvir...