segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Auto-viagens


Eu me lembro de ter me apaixonado pela primeira vez quando eu tinha onze anos. Foi uma coisa estranha porque, de repente, as barbies e cia. não tinham mais a mesma graça. Essa foi a parte ruim. Eu larguei as bonecas cedo demais, e hoje sinto falta delas. Talvez se tivesse brincado até os quinze... Mas enfim! Aos onze, minha primeira paixão. Lembro de ter chorado quando ele não me escolheu para seu par na quadrilha da escola. Lembro de ter sorrido no dia do terceiro ensaio, quando a grande escolhida faltou e tivemos que ensaiar juntos. Eu e ele. Acho que foi um daqueles momentos mágicos da vida. Daqueles que se procura aproveitar cada segundo, mas que, quanto mais você aproveita, mais rápido ele passa. E no final de vinte minutos de ensaio, a escolhida chegou! Meu primeiro momento mágico com um homem não durou mais que vinte minutos! Foi a partir daí que eu soube que os homens, em qualquer lugar, em qualquer época da vida e com qualquer idade... são passageiros!

Depois desse vieram outros. Todos platônicos e imbecis. É engraçado como os homens são imbecis quando se tem onze anos. Mais tarde, eu descobriria que, aos dezoito, dezenove, vinte anos... eles são mais imbecis ainda! A primeira paixão real, não foi paixão. Foi só um beijo. Eu tinha doze anos. Uma criança. Só agora eu entendo porque o beijo foi tão ruim. Nada pessoal! O garoto era uma gracinha, acho que devia ter uns dezesseis anos, ou menos. Não sei ao certo. Sei que ele achava que eu já tinha beijado. Mas não tinha! Fiquei assustada, tremi como vara verde, suei frio... gelado! E então, ele veio com a frase: “aqui ta bom pra você?”. Se “aqui ta bom pra” mim? Eu ali, pálida, amedrontada, esperando o bote final! Pensando, segundo após segundo, o que seria de mim se o meu pai soubesse o que eu fazia naquele momento. E ele me pergunta se “aqui ta bom pra” mim? “Ta!”. Foi a resposta. Assim, simples assim, eu assinei minha carta de suicídio. Pronto, havia entrado, enfim, no mundo dos relacionamentos!

Depois desse episódio constrangedor, só fui beijar novamente aos treze. Um ano depois! E isso só aconteceu porque eu sofri uma pressão imensurável das minhas “amigas”! Quem diz que as amigas não te induzem a fazer “coisas”... está enganado! Todas as nossas atitudes, nossas compras, os carinhas que nós beijamos, são analisados e escolhidos pelas amigas.

Pais, segurem suas filhas! Sejam seletivos com as companhias de suas crianças! As amigas manipulam a vida umas das outras. É fato.

Esse segundo beijo foi um pouco melhor. Mas ainda achei que faltava algo de cinematográfico. Acho que me sentar no colo dele não ajudou muito. Uma amiga da minha mãe ter visto a cena só piorou as coisas. Mas logo acabou, e eu, mais uma vez, agradeci por isso. Menos curto que da primeira vez, e mais longo do que deveria ter sido. Ora, eu me entendo! Estava traumatizada.

Daí por diante o número de beijos aumentou, e o espaço de tempo entre eles diminuiu. Mas todos homens! Todos passageiros. Passageiros e imbecis. As paixões foram se rebaixando ao posto de simples “ficar”. E era difícil “ficar” mais de três vezes com a mesmo pessoa. Primeiro, porque os meus pretendentes nunca tinham mais de dezesseis anos. E os homens nunca querem nada sério antes dos vinte (e olha que eu estou sendo muito boazinha nesses vinte!). Ou seja, as adolescentes só servem como diversão. Acreditem! Nada daquilo que ele falava com você quando vocês estavam sozinhos era verdade. Nunca é; e antes dos vinte é menos ainda! Segundo, bem, eu não estava mesmo preparada para um relacionamento de mais de uma semana. Mais tarde descobri que, até hoje, eu não estou. Ninguém está. Você nunca está preparada porque uma relação nunca é igual à outra! Os erros e os acertos são diferentes, as experiências são diferentes e, sem dúvida, o seu limite é completamente diferente. Quando você passa de um relacionamento para outro você procura explorar os seus limites. Cada vez mais. E não digo, apenas, limites físicos. Você tenta se entregar mais, confiar mais, agradar mais... enfim, você tenta errar menos!

O primeiro namorado foi com quatorze anos. Três meses. Nada muito sério, mas tudo muito incrível. O primeiro beijo é sempre especial (mesmo que não tenha sido muito bom), mas nada se compara ao primeiro namorado. Nada mesmo. Nem a “primeira vez” se compara! O primeiro namorado é algo perigoso, transcendental. Talvez eu esteja exagerando um pouco, mas não do meu ponto de vista! Eu nem pensava dessa forma há alguns anos. Mas, no mês passado, quando depois de quatro anos eu revi meu primeiro namorado, entendi que aquela foi uma fase inesquecível da minha vida. E que nada, muito menos as pessoas, continuam as mesmas! Por isso, cada minuto ao lado de alguém de quem se gosta, deve ser aproveitado de forma singular, porque você e essa pessoa nunca mais se reencontrarão! Não dessa mesma forma.

O segundo namorado veio aos dezesseis. Quatro meses. Era a época das descobertas. Descobri que trair não é uma coisa bacana. E descobri que eu tinha coragem suficiente para admitir meus erros e não cometê-los novamente. Descobri que eu sou capaz de fazer alguém sofrer, e que isso me faz sofrer também. Descobri que existem pessoas no mundo capazes de perdoar traições, que amam além das mentiras, e quem fariam de tudo para não me perder! É uma pena... Descobri tudo isso tarde demais!

Enfim, chegamos ao último relacionamento. O terceiro namorado! Claro que, entre os três relacionamentos mais longos da minha vida eu tive outros. Curtos, mas não menos importantes. Nunca fiquei por ficar, sem gostar, etc. Obviamente, uns mais, outros menos, iam sendo alvo de páginas e páginas de coisinhas românticas no meu diário. Cada um teve sua devida importância. O terceiro foi dos dezessete aos dezenove! Dois anos. Exatos dois anos. Foi a melhor e a pior fase da minha vida. É quando você acha que está, enfim, preparada para “aquela” relação de mais de uma semana! Quem sabe mais de seis meses. Mais de um ano. E você chega aos dois e dá com os burros n’água! Tristeza? Nenhuma. Aprendizado é a palavra! Aprendi que ser traída é tão ruim quanto trair. E aprendi que eu não sou capaz de perdoar traições, nem amar além das mentiras! Nem, muito menos, faria de tudo para não perder alguém... São detalhes que a gente aprende, com tempo. Eu aprendi muito desde o meu primeiro beijo, mas estou certa de que tenho muito ainda o que experimentar. Experiência! É chave... Hoje eu sei porquê eu só via que os meus relacionamentos tinham sido especiais depois que eles acabavam: eu não tinha experiência. Hoje, é fácil transformar um único beijo em um momento inesquecível. Mas veja bem! Isso não significa que eu aprendi a me relacionar. Ninguém nunca aprende. Sempre falta quebrar a cara mais uma vez.

É um suicídio... constante.



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